Saiba quais são os fatores de risco e como evitar o câncer de pele

Acordava com o galo cantando, umas 5h da manhã; comia pão caseiro (quando tinha) ou batata doce, abóbora, mandioca cozida e até polenta; pegava a moringa d’água; buscava a enxada; e ia pra roça. De lá, só saia quando o sol desaparecesse.

Esse relato representa os anos de juventude da dona Carolina G. da Cruz e de milhões de brasileiros que trabalharam na lavoura nas últimas décadas. Um detalhe às vezes despercebido no meio dessa rotina é a intensa exposição solar a que os lavradores se submetiam e, alguns, se submetem até hoje.

A consequência das altas incidências solares do trabalho no campo apareceram já na terceira idade de Carolina, quando descobriu que tinha câncer de pele. Há dois tipos de tumores de pele, o melanoma e o não melanoma, o segundo é mais comum justamente em pessoas com mais de 40 anos.

Causas
O principal fator de risco para o desenvolvimento de ambos os tipos de câncer de pele é a exposição excessiva à radiação solar, principalmente quando ela ocorre na infância ou adolescência. Mas o processo é cumulativo e costuma aparecer apenas anos depois, como no caso de Carolina.

Uma pesquisa estadunidense divulgada pelo Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) mostrou que quantidade de radiação ultravioleta recebida por trabalhadores que exercem funções ao ar livre pode ser de seis a oito vezes maior do que as recebidas por trabalhadores que exercem suas atividades em ambientes fechados. Por isso, agricultores, pescadores, carteiros e garis são alguns alvos fáceis do câncer de pele.

Outras condições de risco para todos os tipos de câncer cutâneo incluem pele, olhos e cabelo claro; pele sensível; outras doenças de pele; sistema imune debilitado; histórico familiar de câncer de pele; e exposição à radiação artificial ou a elementos químicos.

No Brasil, estima-se que surgiram 180 mil casos novos somente de câncer de pele não melanoma no biênio 2016-2017. Esse é o tipo de câncer mais incidente no país. Segundo o Inca, corresponde a 30% de todos os casos de tumores malignos registrados.

O que fazer
Primeiramente, o exame clínico da pele deve ser rotineiro. Quanto mais precoce o diagnóstico, melhores os resultados do tratamento e maiores as chances de cura. A atenção deve ser redobrada em casos de pele clara ou de trabalhadores submetidos à exposição solar prolongada.

Em caso de diagnóstico negativo, algumas medidas são fundamentais para diminuir as chances de desenvolvimento futuro de câncer de pele e outros prejuízos, principalmente no verão e em pessoas que já trabalharam diretamente expostas ao sol ou apresentam algum outro fator de risco citado acima.

Evitar a exposição excessiva e em horários de maior intensidade solar (das 10h às 16h) é a atitude primordial de prevenção ao câncer de pele. A Sociedade Brasileira de Dermatologia também recomenda o uso de filtro solar como prioridade. De acordo com especialistas, esse item é importante inclusive em dias nublados e no inverno.

O fator de proteção ultravioleta (FPS) ideal do filtro deve ser indicado por um médico. Em geral, o Consenso Brasileiro de Fotoproteção orienta o uso de protetores com FPS 30 no mínimo.

A orientação é que o protetor seja aplicado 15 minutos antes da exposição solar e reaplicado a cada duas horas ou após mergulho ou grande transpiração. Não se pode esquecer de distribuir o produto em todo corpo, incluindo nas orelhas, região afetada pelo câncer de pele da dona Carolina G. da Cruz.

Mas esse não é o único cuidado contra o câncer cutâneo. De acordo com o consenso, roupas longas, de tecido escuro e trama mais apertada oferecem maior proteção solar; outra medida eficiente é o uso de chapéus de abas largas para proteção da cabeça, do couro cabeludo e da parte superior do tórax, principalmente para indivíduos calvos. O uso de óculos de sol também é essencial para evitar sequelas solares nos olhos.

Aos 64 anos, Carolina G. da Cruz ainda faz tratamento, mas toma medidas como essas apresentadas acima para evitar o surgimento de novos tumores. Ela já aprendeu que tudo demais faz mal, até mesmo o sol. Cuide-se!

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